A forma do SER

Um dia uma pessoa já de idade disse-me: “ Tu não podes namorar com aquela princesa, porque ela durante o dia é uma coisa e ao cair das trevas é outra, e quando encontrar o seu verdadeiro amor, numa das formas ficará”. Então pensei, pensei no que aquela pobre velha me dissera, eu não sabia ao que é que ela se referia.
Foi então que vi lá no alto, numa janela distante uma bela princesa. Trocámos olhares, criou-se uma química entre nós, sentia-se no ar. E percebi então o enigma da pobre velha, comecei a pensar o que haveria de fazer, eu tinha de tomar uma opção, e tomei. Optei por me apaixonar pela princesa.
Anos passaram, e eu comecei a cortejá-la, até que num certo dia a convidei para passear ao final da tarde.
Ela hesitou, e eu sem perceber e sem me lembrar porquê.
Eu insisti.
Ela hesitou, e eu sem perceber e sem me lembrar porquê.
Eu insisti.
Até que ela cedeu e lá fomos nós.
Ela não sabia onde a levava, mas eu tinha tudo pensado na minha cabeça.
Levei-a a um sítio lindo, a beira-mar, onde as ondas rebentavam e nós conseguíamos sentir a sua frescura no rosto.
Estávamos a entrar no crepúsculo.
Um silêncio lindo pairava entre nós e, de repente, uma voz melodioso quebrou aquele silêncio.
“Amo-te, nunca te esqueças disso meu cavaleiro” – disse ela.
E dito isto uma brisa forte veio no ar, elevou-a e fê-la começar a mudar de forma, até se transformar numa bela Deusa do mar, numa sereia.
A brisa levou-a até à superfície da água do mar e deixou-a cair suavemente e eu gritei-lhe: “ Voltarei aqui todos os dias para te amar”.
E assim farei até desfalecer e der o meu último suspiro.

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