A forma do SER

Um dia uma pessoa já de idade disse-me: “ Tu não podes namorar com aquela princesa, porque ela durante o dia é uma coisa e ao cair das trevas é outra, e quando encontrar o seu verdadeiro amor, numa das formas ficará”. Então pensei, pensei no que aquela pobre velha me dissera, eu não sabia ao que é que ela se referia.
Foi então que vi lá no alto, numa janela distante uma bela princesa. Trocámos olhares, criou-se uma química entre nós, sentia-se no ar. E percebi então o enigma da pobre velha, comecei a pensar o que haveria de fazer, eu tinha de tomar uma opção, e tomei. Optei por me apaixonar pela princesa.
Anos passaram, e eu comecei a cortejá-la, até que num certo dia a convidei para passear ao final da tarde.
Ela hesitou, e eu sem perceber e sem me lembrar porquê.
Eu insisti.
Ela hesitou, e eu sem perceber e sem me lembrar porquê.
Eu insisti.
Até que ela cedeu e lá fomos nós.
Ela não sabia onde a levava, mas eu tinha tudo pensado na minha cabeça.
Levei-a a um sítio lindo, a beira-mar, onde as ondas rebentavam e nós conseguíamos sentir a sua frescura no rosto.
Estávamos a entrar no crepúsculo.
Um silêncio lindo pairava entre nós e, de repente, uma voz melodioso quebrou aquele silêncio.
“Amo-te, nunca te esqueças disso meu cavaleiro” – disse ela.
E dito isto uma brisa forte veio no ar, elevou-a e fê-la começar a mudar de forma, até se transformar numa bela Deusa do mar, numa sereia.
A brisa levou-a até à superfície da água do mar e deixou-a cair suavemente e eu gritei-lhe: “ Voltarei aqui todos os dias para te amar”.
E assim farei até desfalecer e der o meu último suspiro.

O Silêncio do Ser

Sinto um vazio dentro de mim ao olhar à noite para o céu.
«A longitude que isto deve ter»
Gostaria de poder tocar-lhe mas não consigo,
Talvez porque seja novo de mais,
Talvez porque seja muito baixo,
Talvez porque... nem sequer tente porque já sei que não vou conseguir.
Tantos pontos a brilhar no céu, são estrelas.
Umas já morreram outras continuam a brotar energia.
Será que existe algures nesta profundesa outros seres com vida?
«Dorme»
Não consigo.
Sinto um vazio dentro de mim ao olhar à noite para o céu.

O SER parte 2

As estrelas cintilavam no céu. Era um fenómeno raro, assistir ao furor da natureza. No entanto, naquela noite de verão, algo não estava no seu lugar. O aroma da natureza estava alterada, a brisa zumbia nos ao ouvido “cuidado”, e ate mesmo a água do mar parecia assustada. As ondas batiam na areia com uma brusquidão tal que faziam estremecer o solo. Eu encontrava-me sentada em frente à agua a assistir a toda aquela mistura de fenómenos. Subitamente tudo parou. Gerou-se um silêncio aterrador, que fez gelar todo o meu corpo. Era como se o coração da terra tivesse parado de bater. Toda aquela energia possante da natureza desaparecera. Encontrava-me rodeada de trevas. Eu parecia ser a única vida existente. O meu coração era o único a brotar energia. Vindo do vazio surgiu um esganiçar imperceptível. Levei as mãos aos ouvidos para impedir aquela tortura. O som persistia e o meu sofrimento aumentava, já não aguentava mais. Sosseguei ao ouvir o som findar e em seu lugar surgir uma melodia deliciosa, quase divinal. Baixei a barreira que me tapava os ouvidos, e recebi a melodia dentro de mim. A melodia começou a aquecer me o coração e o corpo, a minha temperatura aumentava a cada batida da minha fonte de energia. As batidas aceleraram-se e a temperatura já me era insuportável. Levantei-me a custo, corri na direcção da água e mergulhei. Dentro da água tudo se estabilizou, excepto a melodia. Dentro da água a melodia era frases, palavras, era um pedido. Um pedido vindo de uma voz doce e celestial. Era a voz de uma fêmea. “ Protege-o bem. Sem ele não há futuro, sem ele o mar não vive, sem ele, tu sucumbirás, sem ti ele fraquejará.” Após escutar o pedido, fui abordada por uma sensação estranha, algo que nunca tinha sentido até aquele dia. Uma sensação que me atacou suavemente as entranhas suavemente, percorrendo todo o meu corpo e estabilizando-se no ventre. Levei as mãos ao ventre. Ao tocar-lhe, percebi que algo dentro de mim se tinha alterado, havia uma energia nova pulsando a uma velocidade estrondosa. Eu estava grávida. Estava a gerar dentro de mim uma nova criatura, um novo ser. A vida dentro de mim começou a desenvolver-se muito rapidamente. Vi o meu corpo a mudar assustadoramente. Os meus seios aumentaram, a minha barriga ganhou uma nova forma. Uma nova dor atordoou-me. O ser que crescera dentro de mim queria sair. Tentei contrair-me, de modo a evita-lo, mas ele queria sair a todo o custo. Lutávamos um contra o outro. Seres do mesmo sangue, da mesma vida. Repentinamente o oxigénio que eu inalara antes de mergulhar, esgotara. Sempre tivera grande resistência a suster o fôlego dentro de água mas o tempo acabara. Continuávamos a lutar um contra o outro. Ambos parecíamos teimosos, não nos quedando perante o outro. Fui então vencida pelo meu próprio ser. O facto de não me encontrar no meu meio, fez-me perecer perante a criatura. O oxigénio dentro dos meus pulmões acabara. Perdi os sentidos. Quando a minha energia restabeleceu, apercebi-me que não em encontrava no mesmo meio onde perdera a consciência, abri os olhos e vi que me encontrava novamente na areia. Olhei em redor e tudo se encontrava tal e qual como quando cheguei à praia. Teria tudo aquilo passado senão de um sonho? Pousei as mãos na areia para tentar erguer-me e uma dor assolou todo o meu corpo. Não tinha energia par ame levantar. Cai na areia, que por sua vez me amorteceu a queda. Senti pontadas no órgão genital que fizeram contorcer-me toda. Pressionei-o com os dedos. Ao levar as mãos ao seu encontro, senti um liquido viscoso e quente a tocar-me nos dedos. Olhei para as mãos e estavam cobertas de sangue. Sangue que vinha das minhas entranhas. Afinal tudo o que se passara tinha sido real. Eu tinha algures, naquela imensidão de água uma criatura vinda do meu ser, que precisava de mim para viver. Eu tinha de encontrar o meu filho…
Corri no alcanço do mar, mergulhei e comecei a nadar loucamente, desesperada. Onde haveria eu de procurar a minha cria! As forças já me eram pouco mas mesmo assim continuei a nadar, a nadar…
Tudo à minha volta começou a desfocar-se, os meus olhos já pesavam e o meu corpo flutuava sobre a imensa superfície de água. Fechei então os olhos vencida pela exaustão.

O SER parte 1

" O SER É DIVINO MAS, NÃO É PERFEITO" By autor do blog

A morte - um dos seus significados

«De longe o mais importante e significante tipo de morte para os seres humanos é a morte de um dos seus. Pensar sobre a morte humana levanta muitas questões.
Primeiro, é ruim como podemos identificar o momento exacto em que a morte ocorreu. Isto parece importante, porque identificar o momento pode permitir-nos registar a hora exacta da morte nas certidões de óbito, ter a certeza que o corpo será libertado após se verificar que a pessoa está realmente morta, e em geral, saber como agir perante uma pessoa viva e uma pessoa morta. Em particular, identificar o momento exacto da morte é importante nos casos de transplante
de orgãos, porque tais órgãos precisam de ser transplantados (cirurgicamente) o mais rápido possível.
Historicamente, tentativas de definir o momento exacto da morte foram problemáticas. Morte foi uma vez definida como paragem cardíaca
e respiratória, mas com o desenvolvimento da ressuscitação cardiopulmonar e desfibrilação, por exemplo, surgia um dilema: ou a definição de morte estava errada, ou técnicas que realmente ressuscitavam uma pessoa foram descobertas (em vários casos, respiração e pulso cardíaco podem ser restabelecidos). A primeira explicação foi aceita, e actualmente, a definição de morte é conhecida como morte clínica - morte cerebral ou paragem cardíaca irreversível, por exemplo.»
by Someone