Estrada da vida II

“ – Amo-te… diz alguma coisa, não fiques só a olhar para mim… o que se passa?”

Começou a ficar branco e caiu nos meus braços, só tive tempo de o agarrar antes de cair.

“ - Acorda… não me deixes assim… abre os olhos.”

Verti uma lágrima que lhe caiu directamente nos lábios que se encontravam mesmo debaixo de mim. Ele estava deitado no meu colo.

Levei-o até ao hospital, internaram-no mas não me disseram o que tinha. Gostava de o salvar mas não sou capaz.

“Estás agora deitado nessa maca, ligado a umas máquinas e eu aqui ao teu lado à espera de não sei o quê. Se eu soubesse o que se passa. O único som, o único ruído que quebra o silêncio nesta SALA é a maquina. Pi….pi…pi….pi… que sonoridade irritante. Se não fosse ela a manter-te vivo…

Se eu soubesse o que se passa. Tremeste. Deste-me um sinal. Segredo agora ao teu ouvido “ onde é que tu estás? Será isso o inferno?

” Não reages. Talvez não tenhas ouvido. Costumam dizer que nos ouvem. Senti que te tinha de fazer estas perguntas. É como se uma força me dissesse que o tinha de fazer.

“ Onde é que tu estás? Serás isso o paraíso?”, outra vez aquela força. Talvez seja esta a maneira de te salvar. Continuo. Terás de acordar se me tiveres a ouvir.

“ Mas que sitio é esse? Onde é que tu estás afinal?”

Continuas a não reagir às minhas palavras, talvez tenham deixado de fazer significado para ti.

“ Mas que sítio é esse? Onde é que tu estás afinal?”.

Nada. Não consigo perceber, porque não reage.

“ Não me amas? Responde, não me amas?

Somos todos umas pequenas peças de xadrez que são utilizadas conforme a jogada predestinada a atingir. Sou então uma peça de xadrez que acaba de mudar a ultima jogada do jogo, a seu favor. E tu… vou-te dizer isto bem baixinho e bem perto… és uma peça de xadrez que acaba de perder a jogada, fostes comida”. Saí do pé dele olhei para a máquina irritante e terminei com aquela sonoridade.